Fragmentos do Quotidiano

Entrevista com Ayrton Farias

Nov/2004

 

 

1) Você sempre foi um admirador da Princesa Diana – o que achou da morte dela?

 

Resposta: Quando a Princesa foi assassinada, eu estava na Itália e tomava café pela manhã, quando ouvi a notícia pelo rádio, naquele trágico dia 31 de agosto de 1997. Fiquei profundamente triste, juntando-me ao sentimento de perda de tantas pessoas espalhadas pelo mundo. Analisando os relatos dos episódios que antecederam sua morte, me veio à mente uma pergunta tragicômica: “Quantos paparazzi são necessários para matar uma princesa querida por todos?” Resposta: "Apenas um".

 

2) Você parece fazer restrições à Rede Globo de Televisão. Como a definiria?

 

Resposta: Emissora responsável pelo esfacelamento dos valores da família brasileira e pela deseducação de toda uma geração de jovens a partir da década de 80. Criadora de falsos mitos (no caso de Xuxa e tantos outros) e destruidora de outros mitos criados por ela mesma (Collor de Mello e tantos outros). Tem oferecido poucas contribuições visando o bem-estar e a promoção de valores verdadeiramente éticos, construtivos, que promovam a paz, a harmonia e a união. Tem um poder maior que o próprio governo. Na minha opinião, o Brasil será um país muito melhor sem essa emissora e sem qualquer outra que venha a seguir linhas editoriais análogas.

 

3) Quantas pessoas no Brasil acham que os políticos são um mal para o país?

 

Resposta: É melhor inverter a pergunta. Não há espaço para responder. Você talvez devesse perguntar a essas pessoas por que é que, mesmo achando que os políticos são tão inúteis e aproveitadores, continuam votando neles? Como isso é possível?

 

4) Por que os filhos não respeitam mais os pais em casa? Você acha que isso tem alguma relação com a Internet?

 

Resposta: Pergunte aos psicólogos de plantão que defendem sempre o “diálogo” – segundo eles, castigo (como no passado), jamais! E se você lhes disser que a estratégia não funcionou, eles dirão que a incompetência foi sua. O problema é seu! A Internet abre as portas de um mundo perigosamente sem censuras. Sem a devida e correta orientação, os jovens passam a ter uma falsa idéia de que na Internet (mundo virtual) tudo é possível (e não é!). Em seguida, extrapolam para o seu meio-ambiente imediato (mundo real) achando que os pais que não compartilham das mesmas vontades são desatualizados. Daí vêm os conflitos. Não que a "Internet" seja responsável pelos problemas dos jovens com os pais, mas é certamente o mau uso dela que produz os conflitos entre jovens e adultos em casa, pela falsa proposta de uma "shangrilá" virtual que é um excelente e barato meio de divulgação e de propaganda. Em termos educativos, é necessária uma profunda transformação desse meio virtual. Ele não surgiu "espontaneamente". Compete a nós promover essa transformação no uso da Internet para o bem do próprio destino da humanidade. Como? Pela educação e pela volta da promoção os valores aqui já citados.

 

5) Por que as pessoas estão cada vez mais isoladas nos dias de hoje, valendo-se das outras apenas nos momentos de interesse?

 

Resposta: A grande lição de união, coesão, cooperação dos nossos recentes ancestrais foi apagada dos livros adotados nas nossas escolas e das mentes dos professores que deveriam ser muito mais educadores e promotores da aprendizagem, do que falsos democratas e omissos nos assuntos de educação.

 

6) Por que, em um país tão rico, como o Brasil, os problemas da pobreza, fome, falta de habitação, educação, segurança e saúde ainda não foram resolvidos?

 

Resposta: Se todos esses problemas forem resolvidos, qual será a bandeira a ser defendida pelos políticos nas próximas campanhas eleitorais? Não percebeu que nas campanhas todos dizem a mesma coisa? O empenho deles será para que esse estado de coisas continue, pois esse é seu ganha-pão (ou deveria dizer "ganha-caviar"?).

 

7) O que você acha da presença militar dos EUA em diversos países do mundo?

 

Resposta: A nação que se jacta de ser a “mais democrática e poderosa do planeta” tem dado a maior de todas as lições antidemocráticas. Todo e qualquer país com problemas internos e que não possam ser resolvidos por meios próprios deve recorrer ao único fórum competente para intervir – a Organização das Nações Unidas. Qualquer outra intervenção de forma autônoma por parte de qualquer país representa uma opressão à soberania da nação em questão. Essa ação opressora, se ocorrer, deve ser submetida a um severo julgamento com punição exemplar dos responsáveis. Mas quem "ousaria" fazer isso com o país citado na sua pergunta?

 

8) E os “reality shows”?

 

Resposta: Refletem uma banalização e estímulo à prostituição masculina e feminina, o que é crime (Art. 228 do Código Penal), patrocinada pelas redes de televisão. Nesses programas, não soube de nada que possa promover algo de educativo ou o crescimento interior do espectador. É um lixo caro, mas os patrocinadores descobriram que esses programas dão Ibope. A grande massa de todas as classes, se não tem outra coisa que fazer, assiste. Infelizmente não consigo assistir por me dar náuseas. Até gostaria, para aprofundar as minhas críticas.

 

9) Então você é a favor da censura?

 

Resposta: Para coisas abusivas como esses “reality shows” e outros programas do gênero que atentem contra valores como dignidade, verdade, honestidade de propósitos e relações humanas civilizadas e respeitosas, sim, sem dúvida – sou a favor da censura. Graças à ausência total e absoluta de censura na televisão e nos outros meios de comunicação é que estamos neste estado de acefalia institucional no Brasil. Aparentemente as autoridades não sabem que existem programas como o de um elemento que atende pela alcunha de "João Gordo". Na escória da televisão brasileira há quem pague para que esse tipo de programa vá ao ar. Quem? A troco de que, além do Ibope que deve gerar? Se você tiver alguma informação sobre o Ibope do programa desse J.G., gostaria que me informasse. Estou curioso para saber que Brasil é este...

 

10)  Como o governo está vendo essa questão da censura, no seu entendimento?

 

Resposta: O governo lava as mãos nesse assunto porque alguns de seus integrantes, nos três poderes, têm medo das câmeras escondidas que eventualmente os denunciam no Fantástico ou em alguma edição do Jornal Nacional (como tem acontecido), pois todos têm telhado de vidro. Daí, o governo não faz pressão alguma sobre os meios de comunicação, ou seja, vivemos um estado de total liberdade forçada apenas para os meios de comunicação, sem que deles se exija qualquer responsabilidade em troca. Isso é tão nocivo quanto se acusou a censura de tê-lo sido no passado. Essa relação pode ser definida matematicamente, ou seja, a imprensa brasileira está para o governo do Brasil como o comando do tráfico de drogas está para o governo estadual no Rio de Janeiro. Somos reféns de ambos.

 

11) Você acredita que exista vida em outros planetas?

 

Resposta: O fato de não vermos determinadas coisas não significa que elas não existam. Um exemplo? O magnetismo. Nem nos damos conta disso, mas ao abrirmos a porta de uma geladeira temos esse exemplo. Há uma força invisível que atua na parte metálica da porta e se contrapõe quando a puxamos para abrir e tirar uma garrafa com água. Dada a quantidade de planetas e sistemas solares até o momento identificados no universo, fora os que se sabidamente devem existir, do ponto de vista estatístico, mesmo que ainda não tenhamos essa constatação, sim, acredito na existência de algum tipo de vida em outros planetas. Na minha imaginação, elas podem variar desde pequenas formas de organismos unicelulares, a formas mais complexas, chegando até a civilizações mais desenvolvidas e evoluídas que a nossa.

 

12) Você então acha que a raça humana é desenvolvida e evoluída?

 

Resposta: Em alguns aspectos sim – noutros, não. Se fôssemos tão organizados e determinados quanto as formigas ou as abelhas, seríamos uma civilização muito melhor. O que impede a evolução do ser humano é o tamanho da bolha do seu ego. Numa metáfora interessante, é como se cada um de nós fosse envolto em uma bolha proporcional ao tamanho do seu próprio ego. Muitas vezes a bolha de uma pessoa é tão grande que mal cabe numa sala de trabalho, num clube, em casa; imagine duas pessoas ou mais... Elas não se tocam, não se aproximam, e isso é um contra-senso. Nos impede de evoluir. Quisera ter um alfinete especial capaz de estourar as bolhas dos egos dessas pessoas. Quem sabe assim talvez evoluíssemos para uma civilização mais unida, mais próspera.

 

13) Você tem preferência por alguma linha política?

 

Resposta: Não há ideais políticos na república brasileira - apenas conveniências políticas e econômicas de candidatos a cargos eletivos, por meio de conchavos tramados nos subterrâneos do poder. Todos sabemos que isso não é novidade. Freqüentes escândalos envolvendo membros dos três poderes demonstram isso. Impossível concordar com esse estado de coisas... Das linhas políticas à disposição atualmente, não tenho preferência por nenhuma. Se pudesse escolher uma forma de governo, escolheria a Monarquia Parlamentar - aquela que teve quase 7 milhões de eleitores no plebiscito de 1993.

 

14) Como você vota nas eleições? Todos dizem que votando é possível escolher o melhor. É um dever do cidadão.

 

Resposta: Gostaria que o processo eleitoral fosse democrático em todos os sentidos, ou seja, opcional para o eleitor. Se você é “obrigado” a votar é porque a democracia é apenas uma figura de retórica. Escolher o melhor? O melhor de que? O melhor entre os piores? E se nenhum deles estiver ao nível mínimo de merecimento do meu voto, por que ainda assim sou "obrigado" a votar em um deles? O que é isso? A sensação que tenho é que nós, eternos marionetes do poder, somos forçados a votar, obrigados pela legislação elaborada em causa própria pelos próprios políticos, para “legitimar” a presença deles nas casas de representação parlamentar. Observe a clara manipulação do “sentimento de patriotismo” que é fator motivador do voto, e não a motivação real do eleitor para votar em quem ele confia, independente de ser obrigado a votar ou não, no caso de um regime autenticamente democrático.

 

15) Há pouco você falou sobre a Monarquia. O país não corre o risco de voltar à escravatura e outras mazelas com a Monarquia?

 

Resposta: Mas como voltar à escravatura, se foi a Monarquia que a extinguiu? O Brasil desfrutava de uma condição econômica invejável, do respeito das outras nações igualmente de primeiro mundo. A nossa forma histórica, tradicional e natural de governo, desde a colonização, sempre foi a Monarquia, sorrateiramente extirpada do povo brasileiro por um grupo de golpistas irresponsáveis que trouxeram o Brasil ao estado de coisas em que atualmente se encontra, com essa evidente falta de planejamento e articulação de longo prazo em suas ações, modificadas a cada quatro anos por cada novo governo republicano eleito pela minoria do povo. Mazelas temos agora, nesta República de 115 anos de declínio. Se a Monarquia Parlamentar não retornar, temo pelo futuro dos nossos filhos, pois quanto ao agora que eles já estão testemunhando, só tenho a lamentar. Acho que o ator Milton Gonçalves leu um livro republicano sobre a Monarquia ou foi muito bem pago pelos republicanos para "representar" aquele papel. Ele só esqueceu de mencionar que o escravagismo foi extinguido pela Princesa Isabel, mas os republicanos exerceram um tipo de escravagismo branco, como continuam fazendo até hoje, deixando de exercer sua obrigação para resolver os problemas dos mais pobres e oprimidos, que ficam escravos da sua própria sorte, numa arena da qual o governo republicano está ausente, escravizando essas pessoas pela vida inteira, eventualmente dando-lhes um pouco de vale gás, vale educação, fome zero, futebol, carnaval e uma montanha de feriados ao longo do ano como linimento para as suas dores e incertezas. São escravos açoitados pelas penas das canetas usadas nos confortáveis escritórios com ar refrigerado na sede do poder em Brasília. A Monarquia trará a verdadeira liberdade a esses nossos irmãos e filhos da nossa atual Família Real brasileira, de fato e de direito, na figura de Sua Alteza Imperial e Real, Dom Luiz de Orleans e Bragança, Imperador de jure do Brasil e de toda a linha dinástica, dando a este país, ressalvadas as diferenças ambientais e temporais, as características que ele sempre teve até 1889 - independência, soberania, honestidade, respeito e responsabilidade por parte de seus governantes. Pelo retorno da Monarquia. "Por um Brasil Presente no futuro". Leia mais clicando aqui.

 

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